o título desta série é
Leituras Mandálicas
de Amuletos Egípcios
Leituras Mandálicas
de Amuletos Egípcios
A figura principal da mandala é o abutre-fêmea carregando o disco do sol nas costas e segurando nas garras o chen símbolo da eternidade. À esquerda vê-se um ganso, ave mensageira do deus Amon, marido de Mut. Do outro lado, o falcão, mensageiro do deus-sol, Rá. O texto se traduz por: ‘Homenagem a ti, Divina Mãe’. Na parte de cima, o escaravelho alado, símbolo da criação, ajuda a levar o disco solar; à sua volta encontram-se as duas deusas serpentes, Uatchit e Nequebet, padroeiras do Alto Egito e do Baixo Egito, e os deuses dos pontos cardeais: Tuamutef e Quebsenuf à direita, Hapi e Amset à esquerda.
Nos cantos da mandala, vê-se a deusa Ísis – também identificada como ‘Grande Deusa’, navegando numa barca pelos pântanos de papiros do Delta do Nilo, e amamentando seu filho, o deus Hórus.
O friso de colunas a seguir está intercalado com as inscrições:
· ‘Teu nome viverá sobre a terra, teu nome durará sobre a terra; nunca perecerás, nunca terás fim’;
· ‘A Terra se rejubila ante a visão de Tua beleza’;
· ‘Sobre a face de cada homem e mulher e daqueles que vierem depois deles’;
· ‘Que eles (os deuses) mencionem Seu nome sem cessar ante os Senhores da Lei’.
Nas faces da Mandala, duas cenas se passam. A primeira mostra o deus Amon, Rei dos Deuses, Patrono dos Faraós, sentado no trono, e, ajoelhado, o deus Consu, deus da Lua, da flor-de-lótus e dos perfumes, filho de Amon e Mut. Eles se dirigem em bênção à deusa Mut, dizendo:
‘Homenagem a Ti, ó gloriosa, mais do que os deuses; ó grande, mais do que os deuses. Mais rápido do que a Luz.’ No que a deusa, do outro lado, protegida pelo abutre-fêmea, responde: ‘Minhas mãos são como protetores atrás de vós.’
A segunda cena mostra uma figura feminina alada, a deusa Ísis, levando a seguinte mensagem ao faraó e à sua rainha:
‘Vim a ti, ó Príncipe, meu senhor, para o bem de tua Divina Mãe, Mut. Que ela venha a ti. Venha a ti, Mut, a grande criadora. Ela o purificou, ela destruiu o mal que te pertencia.’
O centro representa um peitoral: um colar de contas de várias carreiras, aberto, e que tem por fecho o amuleto nefer.
A cena disposta no quadrado em volta do peitoral representa a harmonia e abundância no lar: uma sala onde um casal e seus filhos se reúnem para a refeição em família ao redor de uma mesa farta de alimentos. Duas colunas de buquês de flor-de-lótus e papiros decoram a sala que é sustentada por duas colunas papiriformes. O texto acima se lê:
‘Que me sejam concedidas todas as coisas boas e puras, todas as coisas prazerosas e doces, pela companhia dos deuses.’
Nos cantos vêm-se as figuras dos seguintes deuses: Bastet, em sua forma felina, deusa da dança, da música e da alegria. Símbolo do calor fertilizante do sol. Taurt, um hipopótamo fêmea com cauda de crocodilo e patas de leão, deusa da maternidade, deusa protetora da vida doméstica. Bes, deus anão, peludo, olhos esbugalhados e pernas arqueadas, com cauda, protetor da casa real, deus da recreação e do divertimento. Háthor, em sua forma de vaca sagrada com o disco do sol entre os chifres, deusa das festividades, do amor, da feminilidade, dos prazeres, deusa do Céu.
A alegria é representada no friso seguinte com quatro cenas de música e dança.
As cenas mais externas representam a prosperidade:
a "Casa Grande" e seus jardins.
os silos da propriedade e os empregados colhendo grãos, linho, uvas e na lida da roça;
o mausoléu familiar no pé de um monte;
os armazéns e os empregados cuidando do gado, dos gansos e pescando;
O amuleto: Um falcão com cabeça de homem era a forma utilizada pelos egípcios para representar a alma, ou bã.
O amuleto era utilizado junto com a recitação de uma fórmula mágica cujo objetivo era tornar a alma consciente de seus outros corpos espirituais e físicos. De acordo com os ritos, para ser eficiente, o amuleto deveria ser feito de ouro e cravejado de pedras preciosas.
O Sequet-Hetepu, o paraíso dos egípcios, está representado ao centro onde se vêm os deuses, as plantações, as provisões armazenadas etc.
As figuras aladas representam almas chegando ao paraíso. Entre elas, o Sol é escoltado por serpentes que representam os poderes solares.
Dois leões, de ambos os lados das salas assistem às cenas. O grande deus Rá-heracti (personificação do sol ao nascer e se por), em sua forma de falcão, voa levando o Chen – símbolo da eternidade – nas garras. O texto se traduz por: ‘Fiz minha alma forte através dos caminhos do Pai Eterno. Mereço entrar no Paraíso.’
Do grande círculo partem salas onde 4 cenas acontecem: o espírito do nobre saudando sua alma; a alma assistindo ao deus Tot e à ave Benu, símbolo do renascimento, abençoando o corpo mumificado; a alma voando do túmulo e encontrando sua sombra; e a alma pairando sobre o corpo mumificado.
Nos cantos, um deus carrega uma grande quantidade de oferendas em alimentos; bolos, pães, cesto de figos, cesto de uvas, cesto de grãos, carne seca, vegetais, ânforas de água e vinho.
Abaixo das cenas encontra-se a representação do deus Ra-Heracti: o disco do sol guardado por duas serpentes, e as asas abertas em voo.
O amuleto: a cruz ansata, o anc, que significa vida, essência vital, segundo fontes esotéricas era um instrumento utilizado para cura conhecido somente dos iniciados e sacerdotes. Era fabricado de várias substâncias em todas as formas de decoração e adorno.
A figura central representa a forma do deus Aton: o disco solar cujos raios são braços que seguram a cruz egípcia, símbolo da vida. Dois braços maiores seguram uma cruz que é rodeada de nobres e trabalhadores ajoelhados que a saúdam.
O deus Aton foi considerado, durante o reinado do faraó Aquenaton, o único deus doador de vida. Criador de tudo o que existe. Nesse mesmo friso, vê-se a criação em suas formas humana, vegetal e animal. Toda a criação recebendo os raios vivificantes do sol, representante físico da Luz Divina.
O friso seguinte dispõe vários deuses, anjos e seres mais elevados em evolução que o reino humano, sentados em esteiras e segurando o anc.
Os leões sentados de costas um para o outro num tufo de papiros representam o Ontem e o Hoje, Sef e Tuau. A figura feminina saudando os leões é a deusa Sechat, patrona da escrita e dos registros, deusa da História e do Tempo, esposa do deus da Sabedoria e da Ciência, Tot.
O texto contido no círculo mais largo é uma oração ao deus Aton:
"Adoro Aten quando se põe no horizonte oeste do céu. Honra a Tu, ó Sol, criador dos mortais, deus único, vivendo na justiça e na verdade, criador das coisas que são, criador das coisas que serão, e dos animais, e dos homens e mulheres. Senhor do céu, Senhor da Terra, criador dos seres terrestres e celestes. Rei do Céu, Senhor dos deuses, Príncipe, Chefe da companhia dos deuses, Divino Deus, Autocriado, Deus das duas companhias dos deuses, que vieram a ser no começo dos tempos. Orações para Ti, ó criador dos deuses, criador da humanidade, senhor da doçura, grande em amor. Ele brilha e a humanidade vive. Tu te pões, feliz é teu coração no horizonte de Manu. Tu fazes luz lá, deus belo, senhor da eternidade. Os senhores do Mundo-Subterrâneo, seus corações ficam felizes quando Tu iluminas o Amentet. Seus olhos se abrem mais ante tua visão, os corações deles se refrescam ao ver-Te; Tu exultas teu corpo através deles. Sem dor é o parto dos deuses que são teus membros; Tu lhes concedes o nascimento, a todos eles. Tu te levantas, tu destróis suas lamúrias; Tu Te deitas para fazer seus membros felizes; eles Te saúdam quando Tu Te aproximas deles. Tu te deitas no horizonte de Manu; feliz és Tu como Ra todo dia. Permitas Tu que minha alma esteja entre eles; que Tu brilhes teus raios sobre meu corpo."
O amuleto: os degraus retch representavam a ascensão aos céus e ao trono do Deus Osíris. Segundo a lenda, o deus do ar, sem altura para impedir que a deusa do Céu fosse abraçada pelo deus da Terra, teve de subir no topo dos degraus para executar sua tarefa. Conseguiu, então, com a ajuda de dois deuses dos ventos, colocar a deusa do Céu no seu devido lugar. Segundo uma oração, a pessoa pede que, ao chegar no topo dos degraus, encontre com o deus Osíris, deus da ressurreição. O amuleto era feito de porcelana vidrada verde ou azul.
No centro vê-se o disco do sol rodeado por buquês de papiro e flor de lótus, símbolos do baixo e alto Egito. À direita dos degraus encontra-se um grupo de deuses sentados e a figura do Deus Ra-Heracti em forma de falcão com a coroa do disco-solar, personificação do Sol ao nascer e se por. À esquerda, com a garça Benu (fênix) aos seus pés, Osíris, o deus do renascimento, senta-se no primeiro degrau; o deus-sol Ra, e a deusa Ísis, esposa de Osíris, protegem-no mais acima.
No topo dos degraus vê-se uma tina de incenso queimando ladeada pelas figuras da serpente – símbolo do Baixo Egito, e do abutre – símbolo do Alto Egito. O friso a seguir mostra a representação do sol e da Lua, e depois, o céu estrelado.
A cena repetida quatro vezes mostra a deusa do Céu, Nut (levando em seu corpo o Sol em suas 3 posições: aurora, meio-dia e crepúsculo), sendo levantada pelo deus do Ar, Chu, ajudado pelos deuses dos ventos. No chão, vê-se o deus da Terra, Gueb.
No triângulo, entre as cenas, está representado uma das terras do paraíso egípcio, o Sequet-Hetepu, onde os espíritos dos mortos desembarcavam e viviam umas vidas muito parecidas com a que viviam na Terra. Nos quadros pode-se ver o espírito do falecido saldando os deuses à entrada das terras além-túmulo; navegando com oferendas para o deus local; colhendo e pastoreando.
Nos cantos e no friso circular vê-se desenhado os degraus em sua forma de pirâmide – representando a colina primordial, ou seja, o primeiro lugar onde a vida se originou – decorados com buquês de papiro e flor de lótus.
O amuleto: a Serpente era utilizada para proteção pelos faraós. Os egípcios sempre adoraram a serpente como espírito divino, ora representando um aspecto do sol, ora representando um vício, aspecto negativo, ou um obstáculo. Especialmente a serpente naja em sua posição de bote sofria notável veneração.
No círculo central vê-se as duas deusas najas enroladas, protetoras das terras altas (coroa vermelha) e baixas (coroa branca) do Egito.
A seguir, um faraó e uma rainha sentados no trono, segurando os cetros de soberania e poder e sendo saudados em ambos os lados pela serpente mensageira dos melhores votos do deus-sol que navega no céu em sua barca.
Sustentando os tronos das realezas estão a representação animal das duas deusas do Egito, Nequebet (abutre) e Uatchet (serpente).
Em ambos os lados se encontram dois nobres agachados em silenciosa adoração.
A barca, por sua vez, é levada pelo escaravelho alado, personificação das polaridades da criação. Entre suas garras ele carrega o cartucho com o nome arati, ou seja, ‘deusa serpente’.
Diz o texto em hieróglifos:
‘Homenagem a Ti, Deusa serpente, senhora dos tronos do mundo. Estais sobre o assento do Divino Pai. Tu vais pelo céu com Ra. Tu encontras com os seres da Sabedoria. Tu viajas a frente de Ra para todos os lugares onde Ele deseja estar. Venho ante Tu, afastai de mim todo o mal.’
Nos cantos da mandala, um homem oferece uma bandeja de frutas à deusa serpente coroada com chifres (símbolo do feminino) e com o disco solar (símbolo do masculino). Acima dele, a figura do abutre, representante da deusa Mut (personificação da “Grande Deusa”) carregando nas garras o chen, símbolo da eternidade. Atrás do homem, duas estátuas de carneiros sentados, representantes do deus Amon, patrono dos faraós, decoram a cena.
Nas faces laterais centrais, 2 babuínos, mensageiros do deus da Sabedoria, Tot, levam o Olho sagrado.
O friso conta uma das lendas sobre o Olho de Deus: certo dia, o deus Temu, criador dos deuses, mandou um de seus olhos procurar seus filhos, Chu e Tefnut, que haviam saído a passear pelo grande oceano primordial e ainda não haviam chegado. Ao encontrá-los, o Olho retorna trazendo os dois, mas, ao chegar na presença do deus, o Olho constata que em seu lugar, Temu havia colocado o Sol. Sentindo-se traído, o Olho se transforma numa Naja enfurecida e, num bote, projeta-se sobre o deus. Nesse instante, Temu a segura e a enrola em volta do disco do sol dizendo que ela reinaria junto do Sol, acalmando assim a ira do Olho.
O amuleto: a serpente era utilizada para proteção pelos faraós. Os egípcios sempre adoraram a serpente como espírito divino, ora representando um aspecto do sol, ora representando um vício, aspecto negativo, ou um obstáculo. EsA escada, chamada maquet, significa a ajuda espiritual que o ser humano recebe para alcançar sua evolução. Em outras palavras, simboliza a providência divina. Segundo a mitologia egípcia, o Céu, onde moravam os deuses era formado por uma chapa de ferro sustentada por quatro colunas. Às vezes, a borda da chapa ficava próxima do cume das montanhas, sendo fácil alcançá-la. Mas geralmente, a chapa ficava muito distante da terra, necessitando a alma então de uma escada para chegar ao topo. O amuleto maquet era fabricado principalmente de madeira e colocado junto do corpo do falecido. pecialmente a serpente naja em sua posição de bote sofria notável veneração.
A placa do céu está representada no círculo central onde se dispõem sentados 13 deuses do panteão egípcio (*) segurando o anc, a cruz símbolo da vida, iluminados pelo disco solar.
(*) Os deuses sentados são:
Osíris - deus da ressurreição,
Ísis - deusa da maternidade e da magia,
Rá - deus do sol ao meio-dia,
Temu - deus do crepúsculo,
Anúbis - deus dos ritos funerários,
Toth - deus da sabedoria, da ciência e do tempo,
Maat - deusa da justiça, verdade e ordem,
Néftis - deusa das terras inférteis,
Hórus - príncipe filho de Osíris e Ísis, e seus quatro filhos, Amset, Tuamutef, Quebsenuf e Hapi, deuses dos pontos cardeais.
Quatro colunas decoradas como hastes de papiro, representando os pontos cardeais, saem do centro com as seguintes inscrições:
‘Que eu reúna os espíritos sagrados e perfeitos do Mundo subterrâneo’; e,
‘Deixai-me viver em companhia daqueles (seres) favorecidos, entre os Veneráveis’.
A escada celestial, maquet, sai do centro e participa de duas cenas na mandala.
A primeira cena descreve o Deus Osíris rodeado pela esposa Ísis, pelo filho, Hórus, por Rá, deus-Sol, e por sua mãe, a deusa do céu Nut, sentada num pilar (do outro lado é o pai, Gueb, deus da terra), que o ajudam com a escada no movimento de subir ao céu.
Esses personagens são levados pela barca do sol que navega sobre o Cha-Aker, o Lago da Perfeição.
Ao fundo, hastes de papiro e patos selvagens decoram as margens do lago.
A outra cena mostra os deuses Set e Hórus, que, segundo a lenda, eram os deuses responsáveis pela escada, à espera das almas (representadas pelos seres alados) que subirão ao céu.
Acima, vê-se o pássaro Benu, garça mítica, símbolo do renascimento, e um deus sentado guardando a entrada do céu.
Nos cantos da mandala estão representados alguns seres ‘perfeitos’ que habitam o Mundo Subterrâneo. A coluna no meio é formada por vários amuletos: o escaravelho, as najas empinadas, o disco do sol, o pilar sagrado, o amuleto nefer, etc.
O amuleto:
O amuleto do escaravelho é símbolo do Deus Kheper, deus da criação, o poder invisível de Deus que impulsiona o sol através do Céu, e assim, leva luz a todos os lugares. Os egípcios acreditavam que o escaravelho possuía poderes notáveis, que dariam ao corpo daquele que o usasse, nova vida e existência. Era o mais comum dos amuletos, fabricado de todos os tipos de materiais e encontrado em todos os lugares.
No centro se encontra o disco do sol sendo sustentado pelo escaravelho e ladeado pelas najas deusas do alto e do Baixo Egito, Uatchet e Nequebet navegam na barca do Sol sobre o oceano celestial (linhas onduladas). Acima vê-se outras duas barcas que levam os deuses Osíris, Gueb, Nut, Tefnut, Chu, Temu, e Ísis e Néftis segurando o escaravelho.
Entre as barcas, a cruz egípcia símbolo da vida.
Nos 4 cantos da mandala, as deusas que presidiam ao nascimento, chamadas Deusas do Berço, levam as barcas do amanhecer e do pôr-do-sol; são elas: Aait, Menkit, Nefrit e Sebquit.
Embaixo das Deusas do Berço vê-se um triângulo com o deus Kheper, em sua forma de escaravelho e o deus Temu.
Em seguida ao friso de estrelas, dispõem-se as barcas que levam o Sol através do dia: Kheper, deus escaravelho, personificação da Aurora; Rá, deus-falcão, personificação do Meio-Dia; e Temu, deus-carneiro, personificação do Sol do crepúsculo e noturno.
Nas faces, a divindade deitada sob as águas é Nun, deus dos deuses, senhor das Águas Primordiais, elevando a barca do sol ao meio-dia. O texto se lê: ‘Sou aquele que veio a ser, e que vez existir os seres que vieram a ser. Vim a ser nas formas do Deus Khéper, que veio a ser no princípio dos tempos.’
O friso que cerca a mandala é uma coletânea da maioria das imagens e figuras e personagens da mitologia egípcia.
O amuleto:
O desenho de um jarro era o hieróglifo utilizado pelos egípcios para a p alavra coração. De acordo com os egípcios, o coração não era apenas a sede da força do corpo, mas também a fonte dos pensamentos bons e maus. Simbolizava a consciência. O amuleto era utilizado em conjunto com orações que faziam com que a pessoa desenvolvesse a consciência sobre esses pensamentos. Era costume fazer o amuleto geralmente de pedra (muitas vezes gravado na barriga de um escaravelho de pedra) e colocá-lo junto ao corpo mumificado a fim de substituir o coração de carne que fora retirado para embalsamar e encerrado num dos jarros preparados para conter as vísceras do falecido.
Ao centro, vê-se o jarro canópico do coração, ou consciência, e três ovos, com o mesmo significado, intercalados por uma flor de lótus e um feixe de papiros. Nos frisos em volta estão sentados os espíritos elevados e logo a seguir a maioria dos deuses do panteão divino.
Nos cantos do quadrado estão escritos os nomes das partes constituintes do ser humano, são eles, (em sentido horário a partir da direita canto superior): o Nome, a Alma, o Corpo Etérico, o Corpo Físico, a Sombra, o Poder, o Corpo Espiritual, e a Alma Espiritual; que junto com o Coração totalizavam nove, e eram conhecidas como “As Economias do Homem”.
Em cada lado do quadrado central dispõem-se quatro cenas de cerimônias ligadas ao coração/consciência: o deus da Sabedoria Tot levando uma nobre para saldar seu coração posto sobre um altar; o deus dos mortos, Anúbis, pesando o coração do falecido em presença de Amit, o monstro devorador dos corações ‘maus’; Osíris, deus da ressurreição, sentado no trono da verdade e presidindo a pesagem do coração feita pelo deus Tot sob a forma de um babuíno; e um nobre egípcio oferecendo seu coração à três deuses.
As cenas são guardadas pelos deuses dos pontos cardeais, postados de cada lado, ora por Tuamutef e Hapi, ora por Quebsenuf e Amset, deuses que também velavam e protegiam as vísceras dos falecidos.
É Anúbis, deus do Leste e protetor do coração que sustenta nos braços as cenas acima descritas. Auxiliando o deus ajoelham-se à sua esquerda, as deusas Neit, Serquet, Ísis e Néftis – em cada face. Logo atrás põe-se o pássaro Benu, representando a ressurreição ou renascimento. À direita do deus, duas deusas o saúdam, Renenutet e Mesquenet (deusa das colheitas e enfermagem, e deusa da sorte), e Chai, deus do destino carregando as oferendas de vida e soberania.
Intercalando à essa cena ajoelha-se uma figura feminina alada representando Ma’at, personificação da Ordem Divina, deusa da Verdade e da Justiça, cuja pena em sua cabeça será pesada junto com o coração do falecido e, assim, checar suas virtudes e boas intenções em vida. Sob suas asas, seis babuínos, mensageiros do deus Tot também saúdam ao deus Anúbis. Sobre suas asas, as inscrições dizem: ‘Homenagem a ti, que mora em paz, Senhor das alegrias do coração.’
Nos cantos externos da mandala inscreve-se o texto: ‘Realizei transformações (em minha vida) de acordo com os ditames do meu coração/consciência, em todos os lugares que meu espírito desejou.’
O amuleto:
O chen, ou laço, dignifica a órbita do sol. Símbolo da Eternidade, da totalidade, da Atemporalidade da Criação. Segundo os ritos, o amuleto era feito de lápis-lazúli ou cornalina e colocado sobre o corpo do falecido com o propósito de dar-lhe vida que duraria enquanto o Sol descrevesse a sua órbita.
A figura central mostra o chen envolvido por quatro figuras femininas aladas no céu estrelado, personificações da eternidade.
O friso de salas com colunas de papiros que segue apresenta quatro cenas básicas: (1) a personificação da eternidade como um homem sentado sobre uma plataforma de ouro e que em ambas as mãos leva os bastões da eternidade: o cetro serrilhado; (2) as deusas Ísis e Néftis ajoelhadas saudando o chen que paira sobre o pilar sagrado, o tchet; (3) dois deuses sentados em esteiras oferecendo ramos verdes ao chen que se eleva de uma tigela de água ritual; (4) o deus das águas primordiais, Nun, segurando o bastão da eternidade e saudando o chen sobre uma bancada .
Intercalado às salas, vê-se a palavra eternidade escrita de duas formas.
Acima das salas, o disco do Sol é carregado em sua órbita pelo escaravelho alado (representante das polaridades divinas).
Nos cantos o escaravelho leva a barca sagrada onde se encontram os santuários do deus-sol em suas quatro formas: ao nascer como o deus-escaravelho Quépera; ao meio-dia como o deus-falcão Rá; ao entardecer como o deus Temu; e à noite como o deus-carneiro Afu.
O texto reza: ‘Existes por milhões de milhões de anos, um período de milhões de anos. Que existe vivendo para sempre. Cento e vinte anos vezes a eternidade!’
O amuleto:
O amuleto do Olho, chamado utchat, era muito comum e fabricado de todas as substâncias: metal, pedra, porcelana, madeira, etc. o Olho representa os poderes do Deus supremo e seu uso trazia a seu portador as qualidades da força, saúde, proteção e segurança de Deus.
Essa mandala é estruturada a partir dos dois Utchats, os olhos do deus Hórus, personificação dos poderes do Sol; também são as representações das Luminares: o olho direito, o Sol, e o esquerdo, a Lua.
O primeiro friso dispõe uma série de luas e de sóis; no seguinte lê-se o texto: ‘Me levantei entre os dois olhos divinos. Divino Deus, belo de fisionomia, com dois grandes olhos, que levanta o seu brilho em minha face.’
Nas faces da mandala, o deus Hórus sustenta duas barcas, cada uma com um olho guardado pelas najas empinadas. Assistem ao deus, seus pais ajoelhados: Osíris, deus da ressurreição, e Ísis, grande deusa; além de dois babuínos, mensageiros do deus Tot, deus da sabedoria.
As gotas que caem do centro lembram a lenda egípcia que conta terem sido os homens criados a partir das lágrimas de alegria vertidas pelo olho do deus Temu ao reencontrar seus filhos, Chu e Tefnut (deuses do Ar e da Umidade), julgados perdidos.
Deitado no teto das salas está Aker, a esfinge dupla, guardiã dos portais do Mundo Subterrâneo, nas fronteiras da Terra. Aker sustenta num patamar vários indivíduos que representam a humanidade.
Entre essas cenas, nos cantos, sustentadas, erguem-se salas onde oferendas de comida, incenso ou fogo é feito aos deuses da Lua, Tot (com cabeça de íbis), e do sol, Ra (com cabeça de falcão).
O amuleto: o pilar sagrado, o tchet, simboliza a coluna cósmica, ou suporte do céu. A cerimônia onde se levantava o pilar deitado no chão, simbolizava o renascimento, o poder da natureza de se renovar sempre. O pilar, ou coluna, segundo a lenda, representa o tronco da árvore onde o deus Osíris foi encontrado preso após a trama armada por seu irmão Set para usurpar-lhe o trono. O amuleto, normalmente feito de madeira ou ouro, era utilizado no sentido de reconstituir o corpo físico do falecido e tornar o espírito perfeito para sua jornada no mundo do além.
Essa mandala tem como desenho principal, quatro pilares sagrados onde a ave Benu, fênix egípcia símbolo da ressurreição e do espírito divino, pousa de asas abertas.
O princípio do Pilar Tchet é estar firmemente ereto, pois estar de pé é estar vivo, ter superado as forças inertes da morte e do decaimento.
Duas cenas básicas estão representadas a partir dos pilares. A primeira mostra o deus Osíris, deus do renascimento, levantando de seu ataúde segurando o símbolo da vida, a cruz ansata, e saudado por sacerdotes em ambos os lados, ele é, ainda, observado à esquerda pela Grande Deusa Mut em sua aparência de abutre, e à direita pelo seu filho, o deus-falcão Hórus.
O texto que se lê nesta cena é: ‘Osíris, ó grande deus, senhor das transformações, príncipe da eternidade’, e ‘Ele é divino entre aqueles seres perfeitos.’
No alto à direita vê-se a figura de Set, deus do trovão, levado amarrado pela barca do sol, escoltada pelo utchat, o grande olho divino. Essa cena simboliza as forças adversas contrárias à evolução, subjugadas ante a força da criação representada por Osíris ressuscitado.
A outra barca à esquerda, manobrada pelo deus-sol Rá, leva o deus da sabedoria, Tot, que carrega em seus braços o disco solar. Ele também é escoltado pelo grande olho.
A outra cena mostra uma estátua do deus Osíris sobre um pedestal e segurando os cetros de soberania e poder. Na parte atrás da estátua vê-se o deus do Leste, Tuamutef; o deus do Oeste, Quebsenuf; a deusa Néftis, irmã de Osíris; acima dela, os pais de Osíris, Nut e Gueb, deuses do Céu e da Terra. De frente para a estátua estão a deusa Ísis (esposa de Osíris); os deuses Hapi, do Norte; e Amset, do Sul.
Nos cantos da mandala, o deus-falcão voa sob um céu estrelado levando no alto da cabeça o cartucho com o nome de Osíris.
O friso à volta do quadro geral representa o ciclo anual do Rio Nilo; a inundação, o plantio dos grãos, a maturação dos grãos e a plantação pronta para a colheita, depois uma nova inundação. Também representa o ciclo de renascimento e fertilidade da natureza em geral personificado pelo deus Osíris.
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